Comédia da vida privada (de tranquilidade)

Segunda-feira, 9 da manhã.


Lá fora, a mistura de "fog" com poluição deixa o tempo frio com aspecto de filme do John Carpenter.

Desço para ir ao trabalho e sou surpreendido com o seguinte probleminha: meu motorista trancou o carro com a chave dentro e, por uma dessas ironias do destino, deixou o motor ligado. Atordoado e diante do sentimento de indignição que me tomou conta, ligo para uma empresa de táxi. Segundo a atendente, "não havia veículo disponível para minha área e não seria possível mandar um táxi de outra área para minha residência" (!!!!). Imagino que se um táxi "invadir" área que não designada para seu veículo, combustão espontânea toma conta do carro e do motorista e ele terá uma audiência com Krishna. Tive que recorrer à boa vontade um colega para ir ao trabalho.

O que mais me impressionou, no entanto, foi minha reação diante do problema: não lancei impropérios impublicáveis ao motorista, não voei no pescoço dele, nem impus setença de auto-flagelação ao retardado.

Simplesmente, disse que queria que o problema fosse resolvido. Com calma, sem gritos.

Problemas corriqueiros na Índia, como marcar com o encanador ao meio-dia e o cara aparecer às nove da noite, mandarem um eletricista para resolver um problema em um colchão, pedir pizza família e receber pequena, ter cortados o telefone e a internet mesmo com a conta paga são perfeitamente aceitáveis. Ora, começar a semana com um probleminha desses é algo normal em Nova Delhi. Quando algo do tipo acontece, a sensação que agora me vem é a mesma que me toma conta quando fura um pneu do carro: não gosto, até xingo, mas também não vou sair dando tiros por aí ou esbofeteando todos a minha frente. Aqui é assim e é inútil querer lutar contra.

Mais uma semana animada começa na Índia!

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